quarta-feira, 27 de julho de 2011

APAGÃO DE ENGENHARIA

Onde inicia o apagão?

Ele inicia na fraca e inconsistente formação profissional.


Um jovem, para chegar à academia e profissionalizar-se, passa por uma etapa preparatória, e então continuar a expansão do seu saber. A essa etapa previa chamamos de formação propedêutica.

Na formação propedêutica são ensinadas as primeiras regras, os números, as letras, e suas combinações. Também são ensinadas as bases de civilidade e do convívio social. Se essa etapa é omitida ou ignorada, a conseqüência é a má formação do jovem. Resgatando o pensamento de Piaget, "uma criança é um livro em branco, o conteúdo das primeiras páginas é que definirá o caráter de cada indivíduo".

Atualmente na educação brasileira podemos identificar o processo de globalização orientando para a normose[1] da imbecilização. O ensino de graduação superior para os jovens mais engajados na expansão do saber está se degradando, nesse espaço acadêmico, que é também propedêutico, com o acesso de jovens  pouco preparados.  Com o acesso ao mercado  de trabalho de profissionais incompletos, conseqüência pela má formação, ocorrem ações bizarras, fatos que podem ser considerados como indícios do apagão, não só de engenharia, mas também cultural.

Dos muitos fatos recentes,  uma popular blasfêmia foi a conivência com os erros gramaticais imposto por um livro de gramática. A instituição que deveria ser o baluarte da cultura nacional, o MEC, financiou a publicação. A Academia Portuguesa de Letras há um tempo vem tentando impor a gramática de Portugal aos países de colonização lusa. Essa é a oportunidade APL afirmar que os brasilucas são uns mocorongos brucutus, incapazes de zelarem pela observância de regras. Coincidência ou não, a professora autora da cartilha Heloisa Ramos é de origem portuguesa.

Isso é terrorismo !

A lei das cotas nas universidades, é outra blasfêmia. As cotas podem existir, mas com uma infra-estrutura propedêutica básica, para que os cotistas não puxem a educação para níveis inferiores.

Quanto ao direito a cotas, para quem? Sou de origem européia e meus antepassados vieram ao Brasil para um projeto de estado maquiavélico (O Príncipe) como escravos qualificados. O escravagismo que sempre existiu, teve seus maiores empresários, comerciantes e caçadores, na própria sociedade opressora dos quais eram originários, africana e asiática.
Recentemente na área tecnológica, assistimos a ABNT[2] impor mudanças nas tomadas e flechas de conexão as fontes de alimentação de circuitos de corrente alternada.  Esse fato ocorre no momento em que acompanhamos mudanças na economia, com padronização de produtos no formato ISO[3] para entrada de produtos no mercado globalizado. Ao discurso de sustentabilidade com menos desperdício e racionalização da infra-estrutura existente, opõem-se o lobe incompetente e mercenário de fabricantes para micro-mercados.

As novas flechas de alimentação são fantasticamente singulares. Não existe no país ou no planeta, tomadas de força que as encaixe. Somente depois de substituí-las será possível!  E isso é custo! Custo burro! Aqueles componentes que estão funcionando hoje deverão ser refeitos com desperdício de matéria prima.

Os tigres asiáticos obtiveram sucesso no processo civilizatório da economia, quando se adequaram às normas ISO e internacionalizaram seu produto, atendendo a formatação das exigências do mercado globalizado. Os produtos industrializados nos formatos definidos pela ABNT ocuparão apenas o restrito mercado interno, enquanto que a penetração no mercado externo ficará comprometida. Os maestros destas imbecilidades são normatizadores, legisladores, professores, mestres e doutores, graduados, que não focam os projetos de tecnologia e maturidade em gestão.

Outro fato que considero a maior se todas as blasfêmias, é a deliberada degradação da formação dos técnicos industriais e do magistério formados com o 2º grau, imposta pela atual LDL. O jovem adolescente se inseria no mercado de trabalho e se engajava como cidadão (ator social e intelectual orgânico - Gramsci) [4], está hoje relegado a segundos planos.
 
Como estudantes e logo estagiários, bem cedo ocupavam seus tempos nos processos de produção. Assim garantiram por muito tempo um espaço sinergético de formação propedêutico, norteado pelo cientificismo da heurística do “chão de fabrica”[5]. Como atores sociais, com formação de segundo grau, o jovem do magistério amadurecia, como multiplicadores do saber, tornando-se intelectuais orgânicos. Em esco-las de primeiro grau incompleto, ao mesmo tempo em que preparava a sua expansão, colaborava na construção do fato social.

Já o técnico industrial, despido do materialismo cartesiano academicista, com ingerências construtivistas nas tomadas de decisões e ações de sua área de atuação, em vários casos tiveram suas engenhosidades e inventos produzidos plagiados por profissionais de nível hierárquico superior.

O espaço de discussão gerando o fato social, gerido por estes jovens do magistério, não mais se dará nas escolas de primeiro grau incompleto. As disputas, com baixarias, se darão nos bancos universitários. Não mais se submeterão a ser espancados ou esfaqueados por crianças mimadas, minadas pela incapacidade de gestores burrocratas na construção de um espaço funcional realmente propedêutico.

Assim, Leis, para quê? E Normas Técnicas? Para quê?

Ai compreendemos o apagão na Engenharia, na visão reducionista de Descartes, que degrada a cultura como um todo.

Ao invés de profissionais com graduação superior qualificados para prospectar novas frentes de negócios, a opção é por disputar nichos de mercado de profissionais com formação assistencialista, de nível médio.

Uma nova e insolúvel questão é então levantada: Quem vai optar em cursar o magistério, nível universitário, para correr risco de agressões físicas e receber uma esmola como salário? E quem vai zelar pela observância das normas, já que elas passam a não ter valor propedêutico?

O espírito da lei necessita ser exorcizado, para que as regras criadas por estados bárbaros, com foco da imposição e submissão das massas (Pax romana) possa hoje a ter cunho prático, visto que hoje é filosófico, correto e belo, mas inexeqüível.

Como as regras passaram a ser quebradas, a construção de bases curriculares em todos os níveis de formação estão definitivamente falidas. O ensino da gramática será então aplicado a idiotas. Já as normas técnicas para reprodução, acumulo e concentração da riqueza. As Leis para os menos iguais, já que estamos enjaulados no mundo virtual, incapaz de qualquer indução das hordas na tomada qualquer atitude contra as injustiças praticadas em nome do estado, das instituições e da sociedade moderna.

A conseqüência serão falhas nos processos de industrialização, gestão da infra-estrutura pública e privada, acidentes com dano à sociedade como um todo, e o pior de todas as conseqüências (parafraseando Bertolt Brecht[6]), a globalização da miséria e da ignorância.
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Meus descendentes que me perdoem por ter deixado esse caos de herança... E ainda vai aparecer um idiota, da Academia Brasileira de Letras dizendo que isso é anarquia.



[1] Normose doença pscosocial que ocasiona um processo de passividade e aceitação de fatos. Exemplo: ao depararmos com uma criança pedindo esmola em um semáforo, afirmamos ser normal nos dias de hoje. Pois não é normal, e a afirmação conseqüente, é a normose. Muitos são os intelectuais e teóricos que busca defini-la, mas esta é a mais clara e objetiva definição.  Gilberto Karnas- Sociólogo
[2] ABNT – Associação Brasileira Normas Técnicas
[3] ISO - International Organization for Standardization
[4] Ator social e intelectual organico – Para Gramsci o intelectual orgânico é “o que age, que atua, participa,  ensina, organiza e conduz, enfim, se imiscui e ajuda na construção de uma nova cultura, de uma nova visão do mundo, de uma nova hegemonia”. Para ele, esse intelectual se contrapõe àquele que fica preso às teorias, mas não se aproxima da prática. Gramsci não apenas defendeu o engajamento do intelectual, mas formulou um novo modelo, construindo um método, que tirou os intelectuais “de trás da cortina e os colocou no proscênio da ação política. Gramsci deu ao intelectual uma outra dimensão, constituiu-o em objeto de análise e de pesquisa, fazendo com que, desde então, não se separe pensamento e ação”. Um só funciona com o outro. Francisca Selidonha Pereira da Silva é Jornalista e Mestre em História Social das Relações Políticas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
http://bocadolixo.wordpress.com/2009/10/16/o-intelectual-organico/
[5] No Brasil, antes mesmo da constituição das primeiras escolas, os profissionais mais qualificados eram Imigrantes ou aprendizes, formados pela escola da vida, em trocas de experiências, práticas heurísticas do dia a dia (método da tentativa e erro), que após viriam a ser os primeiros mestres. O Técnico Industrial em busca da Eficácia e da Eficiência com a Retecnia. Ser, saber e fazer/ eficiência eficácia e excelência - Retecnia  - Gilberto Karnas – Sociólogo (Unisinos 1997)
[6] Bertolt Brecht Escritor e dramaturgo alemão 1898 +1956


 O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos
 Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito,dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a corrupção, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionas.

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 Autor :
Gilberto José Girardi Karnas, Sociólogo, Professor e Eletrotécnico

9 comentários:

  1. Achei muito interessante o texto.No meu entender o "apagão" se dá em outros segmentos também, começando pela família,escola e a sociedade.A família que terceiriza e educação base de seus filhos (como se dizia antigamente"áquela que vem de casa")para a escola,onde o que deveria acontecer era uma parceria; a escola perdendo sua identidade, não é mais vista como espaço de aprendizagem e a sociedade com políticos que usufruem do poder para seu benefício.Miriam/Professora/Pedagoga

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  2. Boa Noite Sr. Gilberto.

    Em primeiro lugar, gostaria de saber a respeito do foco seu texto! Pergunto isto, pois o senhor abordou coisas que não possuem nenhuma ligação uma com as outras, e que estão expostas de maneira confusa e embaralhada. E se o senhor fosse mais direto, o senhor seria mais objetivo. E se fosse mais objetivo, seria mais específico. E se fosse mais específico, seria mais claro. E se fosse mais claro, seria mais facil compreender o que o senhor escreveu.

    Em segundo lugar, quero saber a origem da parte sobre a normatização das conexões elétricas no Brasil. Em minhas viagens, e se pesquisares em fontes confiáveis, o senhor irá constatar que existem muitos padrões de tomadas no mundo (e muito mais estranhos que o nosso). Mas seguimos a tendencia de paises da europa, como Itália, Suiça, Alemanha, França, onde o padrão de tomadas não é o nosso. Mas é bastante compatível. Ao contrário de Britânicos, Indianos, Argentinos e Australianos. E alem do que, o nosso padrão de tomadas, nada mais é que a norma IEC 60906-1.

    Sendo assim, fico na espera de textos melhores fundamentados e mais claros, para podermos debater melhor sobre.

    Grato.

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  3. Prezado Natanael
    Agradeço o comentário e a atenção.
    Realmente abordar em um texto contendo de todas as áreas do conhecimento humano, é dificil. Então para ser mais específico, afirmo que há uma degradação na formação de profissionais, necessários a demanda na nova realidade globalizada.
    Como laboro na área de engenharia tenho necessitado de formalismos(normas) para facilitar encaminhamentos de gestão, e não os tenho encontrado. Aliado a este fato, parte das normas existentes, não são obedecidas (ex. regras gramaticais ou legislação). Constatei com a ABNT, que a normatização é produto da compilação de fornecedores e fabricantes em detrimento ás leis das ciências, com foco na tendência mercadológica
    No pais, antes de existirem Universidades, existiram Liceus de Artes e Ofícios que foram as raízes da formação da graduação superior. Como esse fato é omitido, busco resgatar a importância dos profissionais que fazem a interface entre os projetos de engenharia e os executores (vulgos chão de fábrica).
    Quanto ao padrão de tomadas, convivemos com o dilema da Torre de Babel: para exemplificar, o metro e a polegrada foram criados praticamente na mesma época, de forma a atender a tendência da industrialização. Todos desejam a mesma coisa, mas estão em ladosopostos. As tomadas de computador com terra e pinos chatos atendiam e atendem a conectividade e segurança de instalações. Então porque mudar?
    Infelizmente tenho certeza de que não te eplicarei tudo que penso, principalmente porque tenho ciência de que devia ter segmentado meu texto.
    Atenciosamente
    Gilberto

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  4. Sr. Gilberto,

    Lendo atentamente o teu blog, vi que o senhor colocaste que és professor. Só que estou neste momento a imaginar, o desastre de professor deves ser! Além de ser pouco pesquisador, é mal informado, pedante e ainda por cima, ofensor da gramática da língua portuguesa.
    Sim, também cometo erros. Mas não cometo erros crassos que um professor deveria cometer, como a falta de pesquisa antes de postar um artigo em um blog, ou pela diversidade de conteúdo, sem conexão alguma. Ou mesmo erros de português, como: "Infelizmente tenho certeza de que não te eplicarei tudo que penso, principalmente porque tenho ciência de que devia ter segmentado meu texto. ". Como o senhor irá me eplicar? E se me eplicar tudo que penso, daí sim ta feita a bagaça.

    Enfim, estou vindo de três maravilhosos dias em Paris, e semana que vem, voltarei a Europa para concluir meus trabalhos. E graças a mercadologia imposta pelos fabricantes, posso utilizar sem problemas o plug da nova norma, que o fabricante utilizou em meu Notebook, no meu barbeador e para a minha escova de dentes elétricas, na Itália, na França, na Alemanha, na Austria, na Polônia e sobretudo, no Brasil, onde é o meu país de moradia.

    Só rezo que o senhor não trabalhe para o governo, porque se não, terei de utilizar o acento agudo no lugar da crase, e a crase, no lugar do acento agudo. E terei novamente de utilizar adaptadores para poder utilizar meus equipamentos elétricos em outros países.

    Até Breve!

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  5. cimas
    lamento pela falta de elegancia e de tempo que mereces e necessitas e que nao disponho para teu credito. nao pretendo ditar hegemonia, e meu perfil fake é voltado para policiar desvios de conduta.:
    http://www.youtube.com/watch?v=ScbON-y5U2k&feature=player_embedded

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  6. Estou de volta, após período de .......geladeira que fui imposto, aposentou-se o Técnico Industrial, especialista em automação e equipamentos de instalações do Sistema de Potência, criador do Projeto de Gestão de Documentação de Engenharia (Plantas e Projetos) da CEEE, Área de Transmissão.

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